Daniel Gabriel

Junho 2023





GEOTECNIA

SÓCIO APG Nº O1296






Natural de Aljustrel, Beja, habitat natural de mineiros, sempre adorou a vertente de campo da Geologia. Soma já um bom número de aventuras geológicas e atualmente coordena estudos geotécnicos na GEOALGAR. Gosta de enfrentar desafios técnicos, de dar dicas aos engenheiros e acha que 'o calcário é fixe'.

Já o professor Gabriel Almeida dizia ''A sondagem mais cara é aquela que fica por fazer". O contacto que eu tive com engenheiros da "velha-guarda", já com idade quase para serem meus avôs, mostrou-me que esses dão muito valor, porque já passaram por várias obras em que tiveram problemas e foi "o maluco" do geólogo que os ajudou a resolver.

Encontrámos o "Dani Gabi" rodeado de colegas nossos, de gerações à frente, de gerações atrás, da mesma geração, que este mundo geológico é muito mais pequeno do que o mundo que a Geologia estuda. Daniel Gabriel. Tem um nome que são quatro nomes próprios... talvez cheguem para se distribuir entre as geocoisas que gosta de fazer: quer aplicar a Geologia em coisas práticas, mas não resiste às expedições de "Geologia" pura e tanto o podemos encontrar atento a aprender com os sondadores, como com a responsabilidade de gerir equipas e a GEOALGAR. Viu na Geologia uma fuga para o "trabalho de escritório" e nunca mais pensou em largar isto. Venham conhecer "o maluco do geólogo" que assume que o "calcário é fixe" mas, pedregulhos à parte, não duvida que o mais importante são as pessoas.


Entrevista 

Terrugem (Sintra), julho de 2022


1. Nome, data e local de nascimento?

Daniel José Elias Gabriel, nascido a 21/06/1983. Sou natural de Beja. 

2. Conte-nos, como se fosse para leigos, o que faz profissionalmente.

Faço a coordenação de equipas que fazem estudos geotécnicos. Basicamente o que faço é dar resposta a solicitações de estudos geotécnicos que nos chegam por parte dos clientes, ou seja, independentemente do tipo de obra, há sempre alguma necessidade de ter informação do subsolo - que tipo de terreno é, a natureza do solo e a sua resistência mecânica. E nós temos equipamentos e técnicas para conseguir dar resposta a essa necessidade. O estudo do tipo de solo pode ser feito de várias maneiras: mais diretas - perfuração, valas e poços - ou mais indiretas, a partir da geofísica. E, na empresa, eu sou um dos responsáveis pelas equipas, estou em contato direto com o cliente e posso propor a melhor técnica de acordo com as necessidades ou objetivos do projeto que tiver em mãos.

3. Estão atrás de si uma série de caixas com sondagens. Ainda faz a sua caracterização?

Agora menos. Quando comecei, o trabalho passou por isso. Depois da perfuração há o trabalho de análise, de descrição e, mais tarde, os relatórios. E sim, estou envolvido nessa parte, mas atualmente o que mais faço é coordenação.

4. Mas o vosso trabalho passa muito pela prospeção geotécnica, não é? Quando está a olhar para uma sondagem, está à procura do quê concretamente?

A primeira análise é factual, "O que é aquilo?". Não estou à procura de nada em concreto. Temos acima de tudo de descrever e, depois, criar um modelo que possa dar informação ao projeto de fundações, por exemplo. Tens três, quatro ou cinco sondagens que são pontos de amostragem, e o que se vai fazer é interpretação. E é aqui que o geólogo é a chave, para perceber qual o melhor tipo de fundações a utilizar e onde as construir.

5. E é aí que tem de fazer a ponte com os engenheiros, não? Como é que corre essa articulação?

Depende. Há engenheiros que até percebem bastante de Geologia e gostam do nosso trabalho. Essa pergunta vai muito ao encontro de quem nos pede o trabalho. Há sempre duas vertentes ou dois momentos em que os clientes nos pedem trabalho: porque precisam, sabem que é necessário, valorizam e precisam da informação que lhes podemos dar para otimizar o projeto deles, ou porque são obrigados. Cada vez mais, por exemplo, ao nível das autarquias, pedem um estudo geotécnico para validar projetos e obras, tendo para isso de contratar uma empresa da especialidade. Normalmente o diálogo com este tipo de cliente que nos contrata ''porque tem de ser'' é um bocadinho mais difícil ou mais ingrato, porque, por vezes, as pessoas não compreendem o trabalho que vamos ou estamos a desenvolver, só querem fazer uma check-list. Quando há abertura por parte dos clientes, torna-se tudo consideravelmente mais simples de gerir e mais gratificante. Há muitas obras que são geridas por arquitetos ou engenheiros que não valorizam a Geologia e só compram um produto, que é o estudo geotécnico. E como eles desconhecem e não se interessam, por vezes não encontramos abertura para propor soluções que permitam obter melhores resultados. Por exemplo, em meios cársicos, em vez de se fazerem 20 sondagens, às vezes é melhor fazer apenas 10 e incluir adicionalmente perfis de resistividade elétrica a cruzar as sondagens, para determinar se existem cavidades, que é o que lhes interessa. Mas com esses clientes, é difícil que valorizem estas propostas menos convencionais.

6. Em que ano e onde ingressou no curso de Geologia?

Entrei no curso em 2001, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Grupo de alunos de Geologia da FCUL, numa expedição em Marrocos, em 2007, organizada pelo GEOUE. [D. Gabriel segundo a contar da esquerda]

7. Qual foi o primeiro contacto, consciente, com a Geologia?

Provavelmente durante as aulas de ciências no 7º ano. Consciente foi esse. Mas andando mais para trás, como a minha família é de Ervidel [perto de Beja] e muitas pessoas de lá trabalham nas minas de Aljustrel e Castro Verde, há outros contactos. Tenho familiares que são mineiros, as pessoas davam-me pedrinhas e sempre tivemos bocadinhos de pirite lá em casa.

8. Eles falavam da vida de mineiro?

(pensativo) Eh pá... a pedra era bonita e na altura eu achava que era valioso. Mas não me lembro de ter assim grande conversa ou ser muito apaixonado por isso. Não fui para Geologia porque adorava Geologia ou porque me via como geólogo. Não me via era a trabalhar num escritório por muito tempo, a ser advogado ou economista. Fui para Geologia porque queria qualquer profissão que me levasse para o campo. Quando chegas ao 11º e 12º ano, começas a ver uns folhetos, o que são as profissões e eu descobri que a Geologia, nomeadamente a aplicada, era muito interessante. 

"(...) e quando cheguei ao final do curso, lembro-me de ter comentado com alguns professores 'Gostava de fazer o curso agora outra vez'!"  

9. Como é que fez essa descoberta?

A escola secundária de Sines promovia a divulgação de cursos.

10. Foi algum geólogo à sua escola?

Não, não. Havia informação sobre diferentes cursos e lembro-me de encontrar panfletos da FCUL a falar do curso.

11. Curioso...

Não me lembro se lá foi alguém. É possível. Mas lembro-me é do panfleto da FCUL e da descrição do curso. Porque quando me inscrevi, lembro-me de que tinha era gostado daquela parte da Geologia aplicada e do ambiente.

12. Já sabia que era mais essa área…

Sim, nunca tive dúvidas, apesar de gostar muito de Geologia "pura" e ter ido muito para o campo com o Ícaro [Dias da Silva], porque gostava de perceber a parte estrutural e ver os alinhamentos. Mas o que realmente me interessava era aplicar aquele conhecimento em algo mais prático para a sociedade. Fui descobrindo a Geologia ao longo do curso e, quando cheguei ao final, lembro-me de ter comentado com alguns professores que "gostava de fazer o curso agora outra vez". No início, o curso não é muito apelativo, com muitas cadeiras generalistas, como biologia, química, matemáticas e físicas. E uma das primeiras cadeiras da especialidade que tens logo no início, que é a Geologia geral, tinha uma parte prática de cristalografia para pintar padrões e eu nessa altura pensei "Mas o que é que eu ando aqui a fazer?!?". (risos) 

13. O seu curso foi de quatro ou cinco anos?

Quatro anos, mas depois com estágio. Eu fiz o estágio em ERASMUS.

14. Onde?

Na República Checa, em Praga. Fui o primeiro, com o André Matos. Fui fazer um ano letivo.

15. E voltou com um ano letivo por fazer? (risos)

Não. (risos) Tinha um plano aprovado de ERASMUS. Quando passei para o terceiro ano, podia fazer disciplinas de diferentes anos em simultâneo. E esse ano de projeto de final de curso, que era o quinto, fiz lá. Fizemos uma série de saídas de campo, descrição de aquíferos em meios carsificados, que serviu de projeto. Quando voltámos, o responsável de ERASMUS do nosso departamento tinha mudado. Inicialmente era o Nuno Pimental, mas quando voltei era a Línia Martins que nos disse "Mas vocês têm aqui um problema, vocês não têm o plano de equivalências aprovado". E eu, "Como não temos? Eu fiz o ERASMUS e agora?". Conseguimos conversar com a Línia, mostrar o que tínhamos feito lá e ela aprovou. Acho que apenas nos baixou as notas. Eu acabei por fazer o curso em seis anos, porque quando voltei, tinha mais cadeiras concluídas no primeiro semestre e poucas no segundo e era impossível, pelos horários, fazer tudo num só primeiro semestre. Optei então por fazer cadeiras opcionais. Mas vamos lá ver: eu ganhei gosto pela Geologia. Eu agora estou no mundo da engenharia, mas sou geólogo. Gosto de Geologia.

16. (provocadoramente) Paleontologia também?

(risos) Paleontologia não me chama. Aquela descrição não é a minha praia...

"De um modo geral, gostei de todos os professores, identifiquei-me muito com eles, com o seu sentido prático" 

17. Qual foi a disciplina preferida do curso?

Cartografia. Chamava-se Campo II na altura. Consistia num trabalho de cartografia em planta. Eram coisas muito simples, mas o facto de associares a Geologia à geomorfologia, as dicas para seguires o limite geológico na topografia… na altura, quando descobri isso, disse ''Eh pá, é isto que eu quero fazer!" O professor do meu grupo era o professor Fernando Ornelas. Depois, como as disciplinas estão todas interligadas, tínhamos também a parte de gabinete, onde fazíamos os cortes geológicos com o professor Paulo Fonseca, com um espírito muito próprio, de que também gostei imenso. De um modo geral, gostei de todos os professores, identifiquei-me muito com eles, com o seu sentido prático.

Eu, desde o momento que entrei no curso de Geologia, nunca mais fui à praia da mesma maneira, as coisas começaram a fazer sentido"

18. E como é que optou pela geotecnia?

Foi por ser uma disciplina prática. Também houve a prospeção geotécnica e a Geologia de engenharia, de que também gostei! O professor Gabriel de Almeida cativou-me imenso. Lembro-me que ele frequentemente frisava "Vocês são geólogos!", porque nas obras é o mundo da engenharia, do ferro, do betão armado, e muitas vezes é o geólogo que analisa as coisas de uma maneira que consegue chegar à origem de um determinado problema e qual a forma de o resolver. Como geólogos, temos uma caraterística única, conhecemos o nosso planeta, o sítio onde pomos os pés. Eu, desde o momento em que entrei no curso de Geologia, nunca mais fui à praia da mesma maneira, as coisas começaram a fazer sentido. Eu sou natural de Beja, mas cresci em Sines, onde temos as praias da Costa Vicentina. E aquilo que para mim era uma confusão, (gesticulando) depois começou a fazer sentido, "Olha uma falha", e dizia isto aos meus amigos, alguns engenheiros…

19. Já não queriam ir consigo à praia! (risos)

Era assim e ainda hoje é, alguns até gostam. Mas passados 15 minutos a falar daquilo dizem "Já chega". (gesticulando) Mas gostam de ouvir porque lhes digo coisas das quais nunca ouviram falar. Porque é que Sines é um porto tão importante? Tem ali um batólito e há um diferencial de resistência à erosão. É um fenómeno geológico que o explica e foi isso que me apaixonou por esta área. Onde estão todas as obras de engenharia assentes? Tem de haver conhecimento do subsolo e a interpretação dos fenómenos e comportamentos geológicos é fundamental para esse conhecimento. O solo é dos objetos mais difíceis de modelar. Se puseres falhas e dobras, na cabeça de um engenheiro não faz sentido nenhum. Pensam "Se isto aqui é de uma maneira, porque é que ali se comporta de maneira diferente?". Porque ali apanham outra formação, as argilas são mais expansivas, etc. Mas isto é um geólogo que tem a capacidade de o fazer.

20. Mas eles têm outras competências...

Exatamente, não somos melhores, nem piores. Complementamo-nos. Mas são poucos os engenheiros a reconhecer a necessidade de um geólogo ou geotécnico.

21. Tem visto alguma evolução no contacto com a engenharia?

A única evolução que tem havido é a obrigatoriedade de existir um estudo geotécnico para certos projetos, o que foi um avanço a nível legislativo. Há 10 anos, havia muito mais obras sem estudo geotécnico, mas vamos acabar sempre por fazê-los, porque se não os fazemos antes, as obras acabam por dar problemas e aí vamos ter de fazer as sondagens para a reabilitação dos projetos. Já o professor Gabriel Almeida dizia ''A sondagem mais cara é aquela que fica por fazer". O contacto que eu tive com engenheiros da "velha-guarda", já com idade quase para serem meus avôs, mostrou-me que esses dão muito valor, porque já passaram por várias obras em que tiveram problemas e foi "o maluco" do geólogo que os ajudou a resolver. Os mais novos têm mais conhecimento à saída do curso, porque têm cadeiras de prospeção geotécnica, mas não têm experiência em obra, pelo que têm alguma dificuldade em ver a relação custo-benefício. Na maioria dos casos, estão mais preocupados com os cronogramas das empreitadas e com o controlo financeiro, e querem ver o serviço despachado rapidamente.

" Fazia muitas saídas em Montemor [-o-Novo] com ele e com outros (...) e no meio deles havia um de aplicada, que era eu, mas nós fazíamos aquilo por gosto"

22. Hoje em dia vê-se a fazer outra coisa que não seja Geologia? Consegue imaginar-se noutro papel?

(ar sério) Não, é difícil. É difícil. Desde que comecei a trabalhar, nunca pensei em largar isto e ir para outra coisa. Na altura de escolher o curso, coloquei como primeira opção Geologia na Faculdade de Ciências de Lisboa, depois nas outras opções coloquei Geologia em Évora, Engenharia de Minas no Instituto Superior Técnico e só a última é que era Engenharia Informática no Politécnico de Setúbal. Eventualmente, se não tivesse enveredado pela Geologia, podia ter ficado em Sines onde há muita oportunidade de trabalho na área da metalomecânica. Eu cheguei a trabalhar com o meu pai, que é serralheiro tubista, nos verões, nas oficinas, e era outro estilo de vida, que não tinha nada a ver. Mas, provavelmente, se não me tivesse interessado por geotecnia ou pelo curso de Geologia, era isso que eu tinha ido fazer. Era um tipo de vida diferente, mais ligada à parte operativa na indústria metalomecânica, um trabalho ativo, feito com as mãos.

23. Já falou do Ícaro [Fróis Dias da Silva]... foi do seu ano?

O Ícaro [FCUL, IDL] é mais velho um ou dois anos, já não me recordo, mas ele era um dos dinamizadores. Fazia muitas saídas em Montemor [-o-Novo] com ele e com outros, o Pedro Almeida, o Luís [Pereira] "Dentes" [alcunha], o Ricardo Ressurreição,  "Franjinhas" [alcunha]... Dessa malta, eram todos geólogos ''puros'' e, no meio deles, havia um de "aplicada", que era eu. Mas nós fazíamos aquilo por gosto. Este grupo juntou-se nos últimos anos do curso, porque o Ícaro estava com o Pedro Almeida a fazer um paper sobre a bacia de Santa Susana, e "quantos mais olhos tiveres no campo", melhor. Portanto, eles diziam ''Bora malta!" e íamos muito para o campo. Sempre fui um assíduo nas PANGEA em Évora e em Estremoz [encontros dinamizados pelo núcleo de estudantes de Geologia da UÉ] e nas saídas de campo com o Rui Dias [UÉ, CCVEstremoz]. Aprendi muito. Aliás, a Costa Vicentina aprendi-a foi com o Rui Dias, não foi no curso. Uma das cadeiras que fiz em Praga [durante ERASMUS] foi [Geologia] estrutural. Cá, há uma cadeira em que vais ao campo a Almograve, mas na altura não fiz essa saída. Portanto, compensava com algumas saídas de campo dinamizadas pelos colegas, com o professor Paulo Fonseca, por exemplo.

Fotografia de grupo da "Expedição geológica aos Pirinéus", organizada pelo GEOUE, em maio de 2008 [D. Dabriel ao centro, de braços abertos].

24. Chegou a organizar alguma dessas saídas?

Nunca cheguei a dinamizar nenhuma, só participava.

25. Participou em alguma atividade extra aulas?

Só andebol. Joguei pela equipa da Universidade de Lisboa. E acho que chegámos a ganhar uma medalha.

26. Que tipo de aluno era?

Era um aluno médio.

" (...) pela minha estatura ou presença, achavam que eu estava muito mais calmo do que na realidade estava, porque por dentro, tremia que nem varas verdes. "

27. Gostava de participar nas aulas?

Nas práticas, sim. Normalmente sou reservado, tímido. Às vezes, pela minha estatura ou presença, achavam que eu estava muito mais calmo do que na realidade estava, porque por dentro tremia que nem varas verdes. Isto leva a um dos meus falhanços, que foi no curso do CEPGA [Curso de Especialização Pós-Graduada em Geologia Aplicada], que fiz com o professor Gabriel Almeida. Ainda que não o tenha terminado, cheguei a ter de fazer a primeira apresentação, mas não tinha praticamente nada preparado. Consegui fazer uns powerpoints, umas fotografias dos trabalhos que fiz e tal, lá se organizou, mas correu um bocadinho mal. Estava muito nervoso, tentei explicar as coisas que tinha feito e só melhorou quando as pessoas começaram a fazer perguntas. Eu fico mais confortável em responder a perguntas do que estar muito tempo a falar seguido. Fazer apresentações em congressos, por exemplo, é muito complicado.

28. Do seu ano, mencione duas ou três pessoas que estejam a trabalhar em Geologia.

O Rui Lopes, o "Meira", é uma pessoa low profile, com muita experiência acumulada. Não sei se ele é sócio, mas adorava que fosse entrevistado. Trabalha em prospeção mineira. Esteve em Angola, trabalhava no LNEG. A Cátia Prazeres, que penso que ainda esteja no LNEG, provavelmente envolvida no projeto PLANAGEO. Está mais ligada à parte da geoquímica. Infelizmente, do meu ano, há muita gente que não está no ativo e haverá outros dos quais não sei. Cada pessoa tem a sua vida pessoal, há pessoas que durante o curso começaram a trabalhar, por exemplo, na Worten, acabaram o curso, mas não se reviram a ir para os petróleos, como aconteceu com muita gente em 2007 e 2008, e isso agora terminou... esses agora já não estão no ativo em Geologia, andam a fazer outras coisas. O Sérgio Paiva [conhecido nas praxes do GeoFCUL por "pai Paiva"] é um desses casos. O João Carvalho também foi meu colega.

Eu era incapaz de tomar certas decisões sozinho. O essencial são as pessoas, e eu, ao longo do meu percurso profissional, estive sempre muito junto das pessoas (...)"

29. É uma conjugação de fatores...

A área da geotecnia até emprega alguns geólogos, mas é preciso que as empresas estejam disponíveis a recebê-los e a dar formação.

30. Será o caso da Geoalgar? Fale-nos um pouco sobre a empresa.

A Geoalgar foi criada pelo Ricardo Castro, que foi meu colega, também geólogo formado na FCUL, é um ano mais novo do que eu. Hoje sou sócio dele na Geoalgar. Ele também trabalhou nos petróleos, mas viu que aquilo não era vida para ele. Quando voltou, fez um estágio profissional num projeto nos taludes de Santarém, acompanhado pelo professor Fernando Marques, numa empresa chamada Geoárea. O projeto era exigente, com recolha de dados, interpretação dos taludes, etc. Na altura, estávamos no ano de 2007, a Geoárea estava a desenvolver-se imenso, a pressão dos trabalhos era muito grande e ele não se enquadrou muito bem nesse registo. Decidiu criar uma empresa dele, foi para Lagos e criou a Geoalgar. Eu já estava na Betoteste e falávamos muito, fomos crescendo juntos, mas em empresas diferentes. Quando vim de Angola, coincidiu também com uma altura em que começou a haver mais especulação a nível imobiliário, criação de projetos de parques solares, etc. e ele já tinha uma carteira de clientes interessante, com uma boa capacidade de investimento. Mas a empresa era constituída essencialmente por ele. Decidi entrar na Geoalgar em 2019. Adquirimos uma sonda de perfuração e montámos uma primeira equipa de geotecnia. Em 2020, adquirimos uma segunda sonda e, no final desse ano, adquirimos a terceira. Atualmente, eu e o Ricardo Castro somos os diretores da Geoalgar e depois temos um corpo técnico de quatro geólogos: Luís Rosa, geólogo formado na Universidade de Évora, o engenheiro geólogo Tiago Silva, que veio da Universidade de Aveiro, o Fábio Amaral e o João Guerra, ambos da FCUL. Temos ainda uma equipa de mais dois geólogos, mais novos, que saíram há pouco tempo da faculdade, que são o Paulo Almeida e a Sara Pereira, que estão mais ligados ao laboratório de solos. Temos ainda mais seis pessoas, que formam as três equipas que estão a fazer furação. Isto apenas desde 2019. Em 2020, conseguimos montar mais uma equipa de sondadores.

31. Têm aí uma capacidade demonstrada de montar e gerir equipas.

Desde 2019 até hoje, nota-se um crescimento bastante significativo na empresa, tanto a nível financeiro como a nível técnico e prático, e é este último aspeto que mais me entusiasma: o desafio de pôr as coisas a funcionar. Claro que também é importante manter a saúde financeira da empresa, e poder dar condições dignas às pessoas, para que se sintam bem e valorizadas a trabalhar aqui. E eu até achei que ia ter uma vida muito mais tranquila, porque só cá estava o Ricardo, mas acabei por vir aplicar muito do trabalho de gestão de equipa que já fazia na Betoteste, com todo o stress. Eu e o Ricardo completamo-nos muito bem, o Ricardo é mais afoito. Eu era incapaz de tomar certas decisões sozinho. O essencial são as pessoas, e eu, ao longo do meu percurso profissional, estive sempre muito junto das pessoas, dos sondadores, houve sempre compreensão e respeito. Nunca achei que o meu trabalho era mais importante que o deles e consegui sempre adaptar o meu discurso de modo que percebam o que pretendo, percebendo também o que eles estão a dizer. 

"(...) e ele respondia-me assim "Sim, isso é muito bonito, mas e então a correlação dos SPTs com os DPSH? Não fizeste nada?"

32. E interessando-se pelo trabalho deles. 

Exato. No percurso que fiz e com as pessoas com quem eu fui contactando, fui-me apercebendo que sou dos poucos geólogos que sabe fazer perfuração, precisamente porque passei muito tempo com eles. Quando entrei no LEMO [Laboratório de Ensaios de Materiais de Obra], a primeira empresa onde trabalhei, não fiz trabalho de geólogo, fui para ajudante de sonda. Na altura em que eu entrei, houve alguém que se ausentou porque teve um filho e havia falta de pessoal e eu voluntariei-me, "Não me importo, porque assim até vou aprender, vou ver como é o trabalho". Os primeiros trabalhos foram estar na sonda, ajudante de sondador, ajudante dos ensaios de campo, aquilo que normalmente não são os trabalhos clássicos que o geólogo faz. O geólogo tem de interpretar o resultado dos ensaios, mas lá está, como eu tinha trabalhado na oficina do meu pai, estava habituado a vestir fato-macaco e fazer trabalhos com as mãos e ferramentas e sujar-me. Eu gostava disso. E poder fazer isso na minha área, era perfeito. Portanto, fiz logo aí um erro.

Equipa de sondadores da Geoalgar.

33. E foi um erro porquê?

Eu quando acabei o curso inscrevi-me no CEPGA, que promovia um estágio profissional, mas tinha que fazer parte curricular e aprofundar um tema que, no meu caso, era sobre as técnicas de prospeção geotécnica. Durante o estágio, que fiz no LEMO - porque entrei lá como estagiário, a zero, não remunerado, mas a fazer trabalho nas sondagens - era suposto eu fazer descrição dos métodos, fazer uma parte curricular, mas não a fiz, porque estava muito interessado em trabalhar. Na altura, o meu orientador era o professor Gabriel Almeida, que de vez em quando falava comigo, "Então, como é que está a correr o estágio?", e eu dizia-lhe, muito entusiasmado, "Professor, está excelente. Olhe, esta semana fiz 'x' sondagens, fiz isto, fiz aquilo, fiz o outro". E ele respondia-me assim "Sim, isso é muito bonito, mas e então a correlação dos SPTs [Standard Penetration Tests] com os DPSH [Dynamic Penetration Super-Heavy]? Não fizeste nada? Isso é que é o teu trabalho. Isso é tudo muito bonito, estás a ganhar experiência, é bom, mas o teu trabalho não é esse, o teu estágio não pode ser esse". E eu fiquei um bocado desarmado, mas como estava interessado era em trabalhar, não acabei o estágio. Depois disse ao professor "Olhe, eu já tenho trabalho na área, que era o que eu queria, e isto para mim é suficiente". E isto, para mim, foi um falhanço. Depois, nessa empresa, passados seis meses, acabaram por me fazer um contrato de geólogo júnior.

34. Compensou então?

Sim, compensou.

35. Então sem ser remunerado, esteve quanto tempo?

Talvez seis meses. Depois passaram-me a recibos verdes, pagavam-me qualquer coisa como 250 euros. Mas para mim estava bom.

36. Talvez fosse suficiente porque ainda estava a aprender?

Em todos os momentos da minha carreira profissional, sempre que foi necessário fazer mais do que era suposto, sempre achei que era bom para mim, porque estava a ganhar experiência. E foi assim que fui gerindo essas situações. 

"A nível profissional, foi a melhor altura. Foi o tempo que eu mais gostei de trabalhar. Do ponto de vista técnico, foi um grande desafio (...) "

37. Esteve em Angola. Quando olha para trás e pensa nesse tempo, o que lhe faz sentir?

A nível profissional, foi a melhor altura. Foi o tempo que eu mais gostei de trabalhar. Do ponto de vista técnico, foi um grande desafio porque, ao contrário do que se passa cá em Portugal, onde temos as cartas geológicas quase todas editadas, e a Geologia é previsível, lá em Angola era tudo desconhecido. Houve também o desafio de trabalhar com diversos clientes, de diferentes nacionalidades e é necessário adaptar o discurso e a parte técnica de maneira a dar resposta ao que é pretendido. O que fazemos, ao fim ao cabo, é apresentar um produto que auxilia num projeto de fundações ou de construção, e eu gosto de estar sempre do lado da solução em vez do lado do problema. O geotécnico tem esta coisa, muitas vezes somos o carrasco, porque estamos a trazer más notícias. Por outro lado, outro desafio gratificante, foi construir uma equipa de técnicos angolanos e adaptá-los a estas rotinas da geotecnia. Foi bom.

38. Cresceu?

Sim e consegui pôr em prática alguns ideais que eu tinha, mas que nunca tinha conseguido pôr em prática. Capacitei-os de responsabilidades e vi-os a crescer tecnicamente. Foi a altura em que mais me senti orgulhoso comigo próprio. Hoje em dia, anos depois de eu ter vindo embora – já não estou desde finais de 2017 – sei que continuam a trabalhar juntos.

39. Capacitou-os!

Dei-lhes a entender que eles tinham uma profissão. Disse-lhes muitas vezes "Vocês aprendam o máximo que conseguirem, porque um dia eu vou voltar para o meu país e, se vocês quiserem, vocês continuam com este projeto". E foi o que aconteceu.

40. Ensinou e deu-lhes objetivos.

Sim, mas não de uma forma direta. Eles muitas vezes chamavam-me "Pai grande". Foi como ser pai. Deixá-los serem eles a ver o caminho. E fi-lo quase inconscientemente, porque eu sou assim, até que me apercebi do que estava a acontecer. 

" na manhã do dia seguinte vimos que havia uma série de pegadas de elefantes a uma distância relativamente curta do sítio onde tínhamos os carros "

41. Acha que foi assim o momento mais marcante na sua carreira até agora?

Para já, sim. Sem dúvida. Deixei lá amigos.

42. Esteve lá quanto tempo?

Inicialmente, quatro anos, mas não foi sempre em contínuo. Mas tive uma relação muito próxima com eles, não sou geólogo de escritório. Como estava a criar a equipa, estive muito com eles a dar o input que podia. Uma das coisas excelentes deste trabalho é poder viajar: das 18 províncias de Angola, só não fui a duas. No topo das minhas aventuras, já agora, tenho uma história para contar que se passou na fronteira sudeste de Angola, onde havia um projeto megalómano para se fazer um centro turístico internacional da planície do rio Okavango, e era necessário haver informação geotécnica para iniciar o projeto. Ora, para obter essa informação, era preciso fazer chegar ao local uma quantidade de maquinaria para fazer os SPT, etc. e não se conseguia chegar por terra. Já tinha havido outras tentativas com outras empresas, mas os acessos eram muito difíceis e não conseguiam chegar lá porque se atascavam e acabavam por abandonar o projeto. Chegaram até nós, na altura tínhamos uma máquina mais ligeira, que era transportada numa pick-up, e nós aceitámos o desafio – uma coisa assim mesmo de loucura. Estávamos em Luanda e tínhamos de atravessar o país todo até quase à fronteira com a Namíbia. Depois apanhávamos uma estrada em terra batida e areias soltas ao longo do rio até chegar ao local da obra, que tinha um estaleiro montado. Havia uma base de vida com tudo: são pequenas aldeias para as pessoas que lá estão, alguns deles portugueses expatriados. Foi muito difícil. Entrámos nessa picada por volta das onze da manhã e o estaleiro onde íamos pernoitar ficava a cerca de 120 a 150 quilómetros do início da picada. Pelas contas, deveríamos demorar cerca de três ou quatro horas, mas, claro, isso não aconteceu porque parámos inúmeras vezes para desatascar as carrinhas. Dormimos lá no meio da mata. Felizmente, íamos preparados com mantimentos de prevenção para aquela eventualidade. Por acaso, tinham-nos avisado para, na eventualidade de termos de dormir na mata, não montarmos tendas e ficarmos a dormir no carro, por causa dos elefantes. Ainda que não tenhamos dado por nada, na manhã do dia seguinte vimos que havia uma série de pegadas de elefante a uma distância relativamente curta do sítio onde tínhamos os carros, eles tinham andado por ali. Mas antes, ainda a meio da madrugada, estávamos no meio do trilho atascados quando começámos a ouvir uns barulhos de motores. Era uma caravana de camiões com mantimentos que se estava a aproximar. Como nós estávamos no caminho, ajudaram-nos a desatascar as nossas carrinhas e ficámos voltados no sentido contrário, para voltar atrás. No entanto, eles perguntaram "Então, vocês iam para onde?" e nós dissemos que íamos para a cidade de Dirico [junto à fronteira de Angola com a Namíbia]. E eles ''Ah, nós já saímos de lá há quatro dias! Isto com calma e tal, mas é muito difícil o que vocês querem fazer" E eu pensei "Eh pá, quatro dias? Então assim é que não vamos mesmo lá chegar!". Entretanto amanheceu e começámos o caminho para trás. Voltámos a ficar atascados inúmeras vezes e, como tínhamos dois carros, mandei o outro carro ir mais à frente para ver se encontrava alguém para nos ajudar. Às tantas, chega um dumper [veículo de movimentação de terras, com caixa basculante] ao pé de nós, mas vinha do lado para onde queríamos ir inicialmente. Pedimos ajuda para desatascar e ele pergunta-me "Então e o outro carro?", e eu, "Como é que sabes que somos dois carros?", e ele respondeu-me "Ah, foi o meu chefe que disse que vocês vinham aí e mandou-me vir ajudar, mas já estou atrás de vocês há muitas horas, nunca mais vos apanhava!". Aí eu percebi que ele tinha sido enviado do sítio onde supostamente devíamos ter ido dormir, mas onde não conseguimos chegar. Como eles sabiam que nós íamos, mas nunca mais chegávamos, ficaram preocupados e mandaram alguém à nossa procura. Para ajudar, estávamos num sítio que não tinha rede de telefone. Tínhamos rede do número português, mas com roaming para a Namíbia. Depois, com o dumper, lá voltámos a desatascar, e com umas correntes ele levou-nos até à base onde queríamos chegar anteriormente. Ficámos lá a descansar naquela base e a preparar o resto da viagem até ao destino final. Havia lá alguns locais que nos indicaram um caminho em melhores condições para passarmos com as nossas pick-ups até à base de destino, em Dirico. Nisto, acabámos o estudo geotécnico e, antes de irmos embora, estávamos lá com a pessoa responsável que nos diz "Olha, já acabámos o serviço, vamos ali ao Facebook", e eu "Mas isto nem tem rede, como é que vocês têm aqui o Facebook?". Ora, o que é que era o Facebook lá naquela aldeia? Era um bar, numa das cubatas, com um telheiro onde dizia "Facebook". (risos) Era lá que toda a gente se encontrava, uma perfeita rede social. Graças à noite que passei no "Facebook", conhecemos uma série de pessoas, nomeadamente do controlo fronteiriço, que nos facilitaram a entrada da Namíbia, de maneira que pudéssemos dar a volta e apanhar uma estrada em melhores condições para regressar a Luanda. 

Huambo, Angola

43. Tem alguma espécie de geoídolo?

O professor Gabriel Almeida e o professor César Andrade.

44. Olha para eles e sente que foram referências para si na área da Geologia?

O professor Gabriel Almeida pela área que escolhi. E, no curso, o professor que mais me transmitiu conhecimento e gosto por aquilo que fazia, e adorava as aulas dele, era o professor César Andrade. Não trabalho na área da Geologia costeira, mas adorei aprender com ele.

45. Naquilo que é o conjunto das suas responsabilidades, o que é que mais gosta de fazer?

Adaptar as técnicas de reconhecimento do subsolo para o objetivo a que nos propomos num determinado estudo. Há pouco tempo, foi-nos proposto um projeto. Há uma linha de água e uma pedreira que está a ser explorada, a pedreira está cheia de água e o fluxo é de tal ordem que não é possível avançar com a exploração. Daí, propuseram-nos fazer um estudo para percebermos qual o "caminho da água" entre o aquífero, digamos assim, e o interior da pedreira, para ver se era viável um projeto de impermeabilização. Começámos com um projeto básico de prospeção, com umas sondagens, ensaios de permeabilidade e perfis de prospeção geoelétrica. Mas, às tantas, durante a execução das primeiras sondagens, pelos resultados que se está a obter, já se está a ver que não se vai conseguir dar a volta ao problema daquela maneira. Então, desconstróis aquele plano e ajustas o plano de prospeção à realidade do terreno. Naquele caso, de quatro sondagens de 60 metros de profundidade, passámos para 10 sondagens mais curtas. Da geoelétrica, que eram só perfis para se interpretar em 2D, conseguimos fazer uma modelação em 3D, e nada disto estava previsto no projeto inicial. Mas durante o trabalho vais vendo, interpretando e ajustando para tentar perceber o que se passa ali. Esta é a parte que mais me entusiasma no trabalho que faço, sem dúvida. E fazemos isto entre todos, geralmente partilhamos as ideias, reunimos à frente dos dados, analisamos o que conseguimos recolher e interpretamos os resultados. Naquele caso, com a geoelétrica! É ela que dá os dados de resistividade ou condutividade de um meio e ali era um cenário onde havia umas margas. As argilas são condutivas e a zona onde percola a água tinha de ser também condutiva, porque a água é mais condutiva. E estávamos a ver umas manchas que achávamos que era o ''caminho da água'', mas no fundo eram apenas as margas. Então, às tantas, a água estava a circular nas resistividades mais altas, porque resistividades mais altas representavam o maciço carsificado não saturado, e estas conclusões foram comprovadas com os ensaios que fizemos depois. Esta dinâmica de entendimento geológico leva ao próximo passo, que é a integração da geotecnia: perante aquele cenário, que técnicas é que se podem utilizar para mitigar a circulação de água? Mas essa parte do trabalho já não somos nós que fazemos, normalmente será uma empresa de projeto a desenvolver a solução. 

46. E o que é que gosta menos de fazer? 

Relatórios. Escrever relatórios. Felizmente já temos equipa para os fazer, porque se tivesse de os fazer, não estava tão bem. Para mim, a parte descritiva das coisas é muito massuda. Gosto de dar os resultados, interpretar, e ficar por aí. Estar a construir um texto e a pôr aquilo apresentável, consome-me um bocado. Não tenho o mindset adequado para isso.

" Para mim, se me puserem à frente de um afloramento, estou bem. " 

47. Qual é a sua publicação, pode livro, carta ou outra, favorita?

Há um livro que me ensinou muito: "Tecnologia de Fundações" do engenheiro Silvério Coelho. Descobri-o enquanto estava a trabalhar e faz uma ponte muito boa entre os ensaios que poderão ser feitos mediante a ocorrência de determinadas situações. Há outros, mas este marcou-me.

48. Há pouco falou no andebol, ainda é um hobby seu, tem mais algum?

Sim, ainda pratico andebol. Mas neste momento não tenho mais nada. Estar com os filhos, mas isso não é um hobby. A Geologia também é um hobby, aliás, tive sempre essa característica, procurar e ler coisas sobre máquinas e técnicas de perfuração. Se forem ver o meu instagram, só sigo coisas de furação. Gosto da natureza. Para mim, se me puserem à frente de um afloramento, estou bem. Quando faço qualquer viagem, a melhor parte é poder ver os afloramentos. É um perigo conduzir e olhar para os afloramentos! (risos)


Intraclasto

Caderno de Campo

Para o Daniel, o objeto geológico mais especial é o caderno de campo. Nenhum em concreto, nenhum em específico, todos. 

Fotografia de Olegário Santos. Pirinéus, maio de 2008, expedição geológica do GEOUE.


Geomanias

Rocha preferida? Não tenho rocha favorita. São todas! Talvez a que eu goste mais, porque é mais fácil de furar e dá muitos metros ao fim do dia, seja o calcário. O calcário é fixe!

Mineral preferido? Berilo

Fóssil preferido? Rudista

Unidade litostratigráfica preferida? Miocénico de Lisboa


Era, Período, Época ou Idade preferido? Miocénico

Trabalho de campo ou de gabinete? Campo, embora seja impossível um sem o outro

Martelo ou microscópio? Martelo

Pedra Mole ou pedra dura? Tanto faz



Amostra de mão ou lâmina delgada? Amostra de mão 

Recursos minerais metálicos ou não metálicos? Acho ambos interessantes. Na área onde estou, inclino-me mais para os não metálicos.

Lusitânica ou Lusitaniana? Lusitaniana


Teaser da Entrevista